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19 capas de jornais e revistas: em 1964, a imprensa disse sim ao golpe
Mário Magalhães31/03/2014 09:50
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Na semana dos 50 anos do golpe de Estado, o blog compartilha uma coleção de 19 primeiras páginas de jornais e capas de revistas publicadas nas horas quentes do princípio de abril de 1964.
Mais do que informação, constituíam propaganda, notadamente a favor da deposição do presidente constitucional João Goulart.
Até onde alcança o conhecimento do blogueiro, as imagens configuram a mais extensa amostra (ficarei feliz se não for) do comportamento do jornalismo brasileiro meio século atrás.
Trata-se de documento histórico, seja qual for a opinião sobre os acontecimentos.
Desde já o blog agradece novas capas que eventualmente sejam enviadas por meio do Facebook e do Twitter. Caso venham, serão acrescentadas a esta exposição.
Dos 19 periódicos aqui reunidos, oriundos de cinco Estados, 17 são jornais diários, alguns dos quais já não circulam, e dois são revistas hoje extintas.
Apenas três se pronunciaram em defesa da Constituição: ''Última Hora'', ''A Noite'' e ''Diário Carioca''. Nos idos de 1964, os dois últimos não tinham muitos leitores.
Os outros 16, em diferentes tons, desfraldaram a bandeira golpista.
As fontes da garimpagem foram: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional; Google News Newspaper Archive; sites e versões impressas de jornais; não menos importantes, blogs e sites, aos quais sou imensamente grato.
É muito provável que, quanto mais capas se somarem, maior seja a proporção das publicações que saudaram o movimento que pariu a ditadura de 21 anos.
Para não ser original e repetir uma expressão consagrada: em 1964, a imprensa disse sim ao golpe.
* * *
A Noite (Rio), 1º de abril de 1964: ''Povo e governo superam a sublevação''.
Contrário ao golpe, jornal aposta no triunfo de Jango.
Correio da Manhã (Rio), 1º de abril de 1964: ''(?) Estados já em rebelião contra JG''.
Editorial clama pela deposição de João Goulart: ''Fora!''.
Diário Carioca, 1º de abril de 1964: ''Guarnições do I Exército marcham para sufocar rebelião em Minas Gerais''.
O jornal defendeu a Constituição.
Diário da Noite (São Paulo), 2 de abril de 1964: ''Ranieri Mazzilli é o presidente''.
O jornal dos Diários Associados trata a nova ordem como ''legalidade''
Diário da Região (São José do Rio Preto, SP), 2 de abril de 1964: ''Exército domina a situação e conclama o povo brasileiro a manter-se em calma''.
Depois do golpe com armas, o apelo por calma.

Diário de Notícias (Rio), 2 de abril de 1964: ''Marinha caça Goulart''.
''Ibrahim Sued informa: É o fim do comunismo no Brasil.''
Diário de Pernambuco, 2 de abril de 1964: ''Jango sai de Brasília rumo a Porto Alegre ou exterior: posse de Mazilli''.
Governador constitucional Miguel Arraes, vestido de branco no Fusca, é preso e cassado.
Diário de Piracicaba (SP), 2 de abril de 1964: ''Cessadas as operações militares: A calma volta a reinar no país''.
No dia seguinte: ''Relação de deputados que poderão ser enquadrados: Comunistas ou ligações com o comunismo''.

Diário do Paraná, 2 de abril de 1964: ''Auro Andrade anuncia posse de Mazzilli com situação normalizada''.
No alto: ''Povo festejou na Guanabara vitória das forças democráticas''.
Fatos & Fotos, abril de 1964 (data não identificada): ''A grande rebelião''.
Uma revista em júbilo.

Folha de S. Paulo, 2 de abril de 1964: ''Congresso declara Presidência vaga: Mazzilli assume''.
''Papel picado comemorou a 'renúncia' de João Goulart.''
Jornal do Brasil (Rio), 1º de abril de 1964: ''S. Paulo adere a Minas e anuncia marcha ao Rio contra Goulart''.
'''Gorilas' [pró-Jango] invadem o JB.''
O Cruzeiro, 10 de abril de 1964: ''Edição histórica da Revolução''.
Revista celebra um herói da ''Revolução'', o governador de Minas, Magalhães Pinto, um dos artífices do golpe.

O Dia, 3 de abril de 1964: ''Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo''.
Jango chegou ao Rio Grande do Sul no dia 2. De lá, iria para o Uruguai. ''O Dia'': ''Jango asilado no Paraguai!''.
O Estado de S. Paulo, 2 de abril de 1964: ''Vitorioso o movimento democrático''.
É a contracapa, porque a primeira página, era o padrão, só tinha notícias do exterior.

O Globo (Rio), 2 de abril de 1964: ''Empossado Mazzilli na Presidência''.
Título do editorial: ''Ressurge a democracia!''
O Povo (Fortaleza), sem data: ''II e IV Exércitos apoiam movimento mineiro''.
Quartel-general do IV Exército, no Recife, comandava a Força no Nordeste.
Tribuna do Paraná, 2 de abril de 1964: ''Rebelião em Minas''.
''General Mourão Filho abre a revolta: 'Jango tem planos ditatoriais'.''

Última Hora, 2 de abril de 1964: ''Jango no Rio Grande e Mazzilli empossado''.
Jogando a toalha: ''Jango dispensa o sacrifício dos gaúchos''.

COMENTÁRIOS 61

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faalecrim
3 anos atrás
Não será ainda nesta geração que teremos uma análise isenta do regime militar de 1964 e de suas consequências para o Brasil. Há hoje um clima de "vendetta" que é artificialmente fomentado por cumpañeros que cercam a Presidente, muitos deles tendo se tornado "experts" em agitação estudantil na época, e que hoje usam a única habilidade que têm tentando criar realidades virtuais sobre o passado. Porque certas proezas eles não poderiam fazer: Bacen, Itaipú, Furnas, Rio-Niteroi, introdução do Mestrado/Doutorado no país com a criação do CAPES/CNPq, Pró-álcool, Angra I e II, Camaçari, CST (SC), Usiminas, Embraer, etc, Esqueci de alguma obra que trouxe o PIB do Brasil de 48º para 8º mundial?
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claret01
3 anos atrás
Uma reportagem vazia, sem qualquer credibilidade. E comunista tem alguma credibilidade??
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Pissicato
3 anos atrás
Passado 50 anos o discurso é o mesmo da direita brasileira para tirar o PT do poder: o perigo eminente do comunismo. Mesmo com o fim da guerra fria, da queda do muro de Berlim, e da dissolução da União Soviética, e de estarmos vivendo um momento pleno da democrária. Com povo podendo se manifestar de forma aberta nas redes sociais, inclusive chamando a nossa presidenta de ANTA. Enfim, os problemas não são os comunista, eles até podem existir, desde que o poder esteja nas mãos das elites.
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Renovar � preciso
3 anos atrás
Cadê a capa da Folha de São Paulo? Ah, sei, não querem mostrar, né?
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JP Schleder
3 anos atrás
Imprensa evoluída é aquela que omite opinião. E não aquela que tem, mas finge ser isenta. Então, parece que pioramos.
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