Em uma audiência com médicos italianos no sábado, o Papa Francisco contrastou "a busca da saúde a todo custo" com "o abandono daqueles que são mais fracos e frágeis, em alguns casos com a morte como única saída". Esses "fenômenos opostos e igualmente perigosos estão se espalhando", deplorou, alertando contra uma "medicina que renuncia ao cuidado e se refugia atrás de procedimentos desumanizados e desumanizantes" contrários à "arte de curar". Na parte da manhã, o Papa concedeu uma audiência aos membros da Federação Italiana de Médicos Pediátricos e da Associação Italiana de Otorrinolaringologistas Hospitalares, que vieram em grande número para ouvi-lo na Sala Paulo VI, acompanhados de suas famílias. O Papa aproveitou a audiência para oferecer seu apoio à profissão médica italiana, que, segundo ele, estava sofrendo com uma escassez "constante" de pessoal, levando a "cargas de trabalho incontroláveis" e "uma fuga das profissões da saúde". Essa situação, insistiu o Papa Francisco, compromete "o exercício do direito à saúde, que faz parte do patrimônio da doutrina social da Igreja". E, segundo ele, incentiva o desenvolvimento de uma "medicina baseada apenas no pagamento", que é contrária à dimensão "popular" original do sistema de saúde italiano. O Papa Francisco também alertou contra o desenvolvimento de dois "fenômenos opostos e igualmente perigosos" no campo da medicina. Por um lado, "a busca da saúde a qualquer preço, a utopia de eliminar a doença, a supressão da experiência cotidiana de vulnerabilidade e limitação"; e, por outro, "o abandono daqueles que são mais fracos e frágeis, em alguns casos com a proposta da morte como única saída". Criticando a medicina que "renuncia ao cuidado e se esconde atrás de procedimentos desumanizados e desumanizantes", Francisco defendeu uma "arte de curar" que toma como modelo o "Bom Samaritano" da parábola contada por Jesus. Um personagem que "se inclina sobre o homem ferido e alivia seu sofrimento, sem fazer perguntas, sem deixar que seu coração e sua mente sejam fechados por preconceitos, sem pensar em seu próprio interesse", insistiu. O conselho do Papa aos pediatras e otorrinolaringologistas O Papa destacou a importância do trabalho realizado pelos pediatras com casais jovens. "Infelizmente, a Itália é um país envelhecido: esperemos que possamos reverter a tendência, criando condições favoráveis para que os jovens tenham mais confiança e redescubram a coragem e a alegria de se tornarem pais", disse-lhes. Ao terminar seu texto, ele lamentou mais uma vez: "Hoje, preferimos ter um cachorrinho a uma criança". E acrescentou: "Há cada vez mais veterinários: isso não é um bom sinal!" O Bispo de Roma também destacou o papel dos médicos otorrinolaringologistas que cuidam dos órgãos "necessários para nossos relacionamentos", lembrando que há muitas pessoas surdas e mudas nos Evangelhos. Ele os convidou a tomar Jesus como uma "fonte de inspiração" em seu trabalho para encontrar os gestos e as palavras certas para acompanhar seus pacientes, que muitas vezes são atingidos pelo isolamento. |
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