1º PONTO: Convinha ao Eterno Pai fazer que Maria fosse isenta da mancha original, porque a destinou para ser reparadora do mundo perdido e medianeira de paz entre os homens e Deus. Ora, quem trata da paz não convém por certo que seja inimigo do ofendido, Deus, e muito menos cúmplice do mesmo delito. Diz São Gregório que para aplacar o juiz, não podia servir um inimigo seu; senão, em vez de o aplacar, mais o irritaria. Por isso, devendo Maria ser a medianeira de toda a razão que não se apresentasse, ela também pecadora e inimiga de Deus, mas muito amiga e pura de pecado. 2º PONTO: Em segundo lugar, convinha ao Filho preservar a Maria da culpa, como sua Mãe. Pois, a todos os filhos não é permitido que escolha a sua mãe, mas Ele pôde. Quem haveria que, podendo escolher ter uma mãe rainha, preferisse ter uma mãe escrava? Podendo tê-la amiga de Deus, a quisesse ter inimiga? E sendo muito conveniente a um Deus puríssimo ter uma Mãe pura de toda a culpa, assim a fez. Além do mais, a carne de Jesus é a mesma que a de Maria, de tal modo que a carne do Salvador, ainda depois da ressurreição, ficou a mesma que tomou da Mãe, como diz Santo Agostinho. Tomando essa verdade, se acaso a Virgem Maria tivesse sido concebida em pecado, embora o Filho não tivesse contraído a mancha do pecado, sempre lhe resultaria uma certa mancha de ter unida consigo a carne infectada da culpa. Porém, Maria foi não só Mãe, mas digna Mãe do Salvador, como lhe chamam todos os Santos Padres. O Verbo encarnado escolheu a Mãe que lhe convinha e da qual não tivesse que se envergonhar. 3º PONTO: Por fim, convinha ao Espírito Santo preservá-la como sua Esposa. Se um exímio pintor houvesse de ter em sorte a esposa bonita ou feia, segundo retrato que ele mesmo dela fizesse, que diligência não empregaria ele em fazê-la o mais formosa possível? Quem pode, portanto, dizer que o Espírito Santo haja obrado de modo diferente com Maria, isto é, que, podendo ele mesmo fazer sua esposa toda formosa, qual lhe convinha, não o haja feito? Não, assim lhe convinha e assim o fez, como afirmou o mesmo Senhor, quando, louvando a Maria, lhe disse: Toda formosa és, minha amiga, e mácula em ti não há (Ct 4, 7). |
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