Flagelo russo
Putin tenta manipular as eleições presidenciais americanas!
Posted: 30 Aug 2016 09:30 PM PDT
"A posição mais favorável à Rússia na história moderna dos EUA" diz Foreign Policy
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Putin mostra sua preferência por Donald Trump, mas na reta final da campanha eleitoral, o candidato republicano defendeu posições mais alinhadas aos interesses de Moscou do que aos de Washington, registrou o jornal "O Estado de S. Paulo".
Favorecimentos na política externa
Segundo David Rothkopf, editor-chefe da revista Foreign Policy, as posições de Trump representam um "distanciamento gigantesco" em relação a visões defendidas historicamente por líderes de ambos os partidos.
"Essa é a posição mais favorável à Rússia por parte de autoridades americanas na história moderna dos EUA", acrescentou.
O bilionário acenou reconhecer a anexação da Crimeia pela Rússia, em violação de acordo internacional assinado no fim da Guerra Fria, falou em suspender sanções impostas à Rússia e pôs em dúvida o compromisso dos EUA com a OTAN em face de um eventual ataque russo.
O argumento chave de Putin para anexar a Crimeia apareceu na boca de Trump: o de que a população local quer estar sob o mando da Rússia.
E a promessa de Putin de não invadir a Ucrânia foi dada como certa pelo candidato que se apresenta como defensor das boas causas.
"Só para você entender, ele não vai entrar na Ucrânia", respondeu Trump.
Um entrevistador lembrou então que as tropas russas já estão no país. Pego in flagrante, ele saiu-se sem lógica nem cerimônia: "Bem, ele (Putin) está lá de certa maneira, mas eu não estou lá ainda".
Salvação financeira vinda da Rússia
Putin está obtendo lucros que em 1989 eram inimagináveis.
Para o "El País", de Madri, operou-se uma virada histórica abrupta na política americana. Já houve políticos que mantinham vínculos com a Rússia. Esses teriam agido por interesses pessoais gravemente censuráveis.
Mas é absolutamente estranho que algum deles tenha adotado as posições do Kremlin dentro dos EUA, debilitando sistematicamente sua influência no mundo.
Trump, diz "El País", não foi à Rússia, mas a Rússia foi a Trump.
E não só politicamente. "Após a falência de Trump em 2004, os grandes bancos americanos nem queriam aproximar-se dele", escreveu Franklin Foer em "Slate".
Mas, acrescentou Foer, "os investidores russos ajudaram a impulsionar os projetos de megaprédios de Trump, que foram decisivos para projetar sua imagem de homem que faz coisas, e não apenas uma estrela da telerrealidade".
A torre Trump em Soho, New York, não existiria sem o capital russo, segundo Foer.
Em 2008, Donald Trump Jr., filho mais velho do candidato republicano, disse que o dinheiro russo estava "jorrando" nos negócios da família. "A Rússia representa uma parcela desproporcional em muitos de nossos ativos", declarou ele durante uma conferência em Nova York.
O "inocente mais útil?" Agente involuntário?
Na perspectiva de Vladimir Putin, Donald Trump é o "inocente mais útil" não porque seja um agente comum do Kremlin, como pretendem alguns de modo até infantil, explicou o cientista político russo Andrey Piontkovsky, mas porque ele ameaça provocar "o fim do mundo livre como nós o conhecemos", segundo divulgou Euromaidan Press.
Andrey Piontkovsky
Piontkovsky exemplifica com a facilidade com que Putin conseguiu fazer engolir seu Anschluss da Crimeia e induzir a vontade de não defender os membros bálticos da NATO em caso de ataque russo.
"Nas linhas gerais", prossegue Piontkovsky, "Putin tem em Trump seu mais valioso agente nos EUA", e o mais valioso que a KGB jamais teve.
Um dos aspectos que a escola da KGB mais preza é o de que "ninguém o recrutou" e por isso mesmo ninguém poderá dizer que ele foi treinado pela Rússia ou coisas do gênero.
Piontkovsky sublinha que "Trump é um inocente-útil que se acha um grande patriota dos EUA" e alimenta outras fantasias do gênero.
No mesmo sentido, Michael Morell, ex-subdiretor da CIA, enfaticamente engajado na campanha da rival Hillary Clinton, disse que Trump, no jargão dos serviços secretos, é um "agente involuntário" do presidente russo, noticiou a agência France Press.
"Putin explora as debilidades de Trump fazendo-lhe elogios. E este último reagiu como Putin havia previsto", escreveu Morell no "The New York Times". E prossegue: "Nos serviços de inteligência diríamos que Putin recrutou Trump como agente involuntário da Federação Russa".
Morell, que dirigiu interinamente a CIA, lembrou que Putin é um ex-agente de inteligência especializado em descobrir falhas em seus alvos e douto nos meios para explorá-las.
Mídia russa torce por candidato preferido do Kremlin
Com uma posição de simpatia pelo Partido Republicano, o jornal "The Washington Times" apontou que a mídia estatal russa está promovendo de um modo inusitado o nome e a candidatura de Trump.
Os russos nunca tinham se interessado por uma eleição americana. Mas agora passaram a se interessar de muito perto, pela pressão da mídia dependente de Putin e de sua Nomenklatura.
Trump é retratado positivamente na mídia oficial, quase a única em tiragem e difusão. E as enquetes na Rússia citadas por "The Washington Times" apontam simpatias na massa do povo pela propaganda midiática oficial.
Lev Gudkov, diretor do Levada Center, uma ONG de pesquisas e sondagens de Moscou, calcula a preferência dos russos por Trump numa proporção de 3 a 1.
Como foi possível que os americanos não percebessem o pérfido jogo do dono do Kremlin? Quem os adormeceu tocando a hipnótica música da "morte do comunismo"?
"Em 9 de novembro de 1989 caiu o muro de Berlim. No dia 10 de julho de 1991, depois de a Lituânia se proclamar independente, foi decidida a autodissolução do Pacto de Varsóvia.
"A falência do putsch de 19 de agosto de 1991 levou à queda de Gorbachev, substituído por Boris Iéltsin, e a uma cascata de declarações de independência dos países bálticos e demais repúblicas soviéticas.
"Estes acontecimentos espetaculares, habilmente propagandeados pela mídia, confirmaram oficialmente a queda dos regimes comunistas instaurados na Europa Oriental a partir da Revolução de Outubro, e patentearam o colapso do assim chamado 'socialismo real'.
"Tal mudança, que se desenvolveu no interior da nomenklatura soviética e se realizou de modo aparentemente incoerente, quase sem reações violentas, insurreições ou revoltas, foi interpretada por Plinio como uma metamorfose do marxismo, em estrita coerência revolucionária com o princípio marxista-leninista da 'filosofia da práxis'."
(Roberto de Mattei, "Plinio Corrêa de Oliveira – Profeta do Reino de Maria", Artpress, São Paulo, 2015, p. 336-337).
Trocas de elogios e afinidades temperamentais-ideológicas
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