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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Felipe Moura Brasil estreou este blog em 2013, após dez anos como cronista na internet. Idealizou e organizou o best seller de Olavo de Carvalho, "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota". Autor da Editora Record, trabalha em dois livros previstos para 2016.
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Geddel sabia que Lula gostava de “robalo”
Blog comenta ato-falho do petista sobre "meu tríplex"; e presente do ex-ministro
Por: Felipe Moura Brasil 25/11/2016 às 15:03
Este blog já havia compilado atos-falhos que indicam momentos involuntários de sinceridade petista.
Nesta semana, Lula ganhou vaga no vídeo ao fazer uma aparente confissão, logo disfarçada em tom de troça:
“Vocês percebem que não dão destaque ao apartamento do Geddel como deram ao meu tríplex”.
Sim: o “meu tríplex” (ou “tripékisss”) que ele jura não ser dele. O “meu triplex” que o Ministério Público garante ter sido dado pela OAS ao “comandante máximo” do petrolão como pagamento de propina em troca de contratos públicos.
Assista.
Lula, como de costume, investe na confusão para se fazer de vítima injustiçada.
Em primeiro lugar, a imprensa tanto deu destaque (imediata e corretamente) ao caso de Geddel que hoje ele teve de pedir demissão do cargo de ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer.
Em segundo lugar, o tríplex de Lula é tido como propina, enquanto Geddel é realmente dono de um apartamento no edifício residencial de Salvador situado em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O ponto aqui é outro: Marcelo Calero revelou à Polícia Federal ter sido pressionado por Geddel (além de Temer e Eliseu Padilha) a liberar a construção do edifício, pois o Iphan, que proibiu a obra, estava subordinado ao então ministro da Cultura.
É grave, sim.
Mas não deixa de ser cômico ver Lula se enrolando e atacando seu ex-ministro da Integração Nacional, tão criticado nas redes sociais após o impeachment de Dilma pela frase “Tenho certeza de que Lula vai contribuir”.
O PT tenta se limpar do próprio lamaçal em qualquer poça de lama do governo Temer, como se não atuasse junto a peemedebistas pela anistia ampla na Câmara, por exemplo, e como se não tivesse subido ao poder junto com eles.
Em 14 de janeiro de 2010, o Painel da Folha, sob edição interina de Silvio Navarro, hoje na VEJA, publicou a nota “Tempero baiano”, que mostrava de modo emblemático a relação íntima de Lula com Geddel e o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, hoje preso em Bangu:
“O presidente Lula se divertia ontem contando para o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e um grupo de prefeitos sobre as férias na praia baiana de Inema.
Ao narrar as experiências gastronômicas, disse que o ministro Geddel Vieira Lima mandou o prato ‘cabeça de robalo’, feito de caranguejo, à primeira-dama, Marisa Letícia.
– Bem na hora que eu ia começar a comer chegou o Jaques Wagner… – relatou Lula, sobre os adversários.”
Na época, Geddel (PMDB) e Wagner (PT) eram rivais na disputa pelo governo da Bahia – depois vencida por Wagner – e pelo apoio de Lula.
“Cabral fez ar de preocupado, ao que Lula emendou:
– Mas fui logo avisando que ele não poderia comer porque era presente do Geddel…
No dia seguinte, Wagner enviou um cesto de acarajés.”
Fofo, não?
(Curiosamente, João Santana, o marqueteiro tanto de Lula quanto das campanhas de Wagner, acabaria preso seis anos depois, em fevereiro de 2016, na Operação Acarajé, assim batizada porque alguns investigados se referiam ao dinheiro de propina pelo nome do prato típico baiano.)
Wagner e Geddel conheciam bem o chefe.
Wagner sabia que Lula gostava de acarajés. Geddel sabia, mais que o povo brasileiro, que Lula gostava de robalo.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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