Alerta Total
- Os carros de Lula bebem bem mais que ele
- Hipocrisia Natalina
- Um dos Founding Fathers do Brasil
- Agradecimento à Providência
- A perturbação do sossego nas praias: alarmes e foguetórios
- A canção do homem enquanto seu lobo não vem
Os carros de Lula bebem bem mais que ele
Posted: 26 Dec 2016 02:10 AM PST
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Enganou-se quem pensava que a judicialização da politicagem teria uma trégua no recesso da recessão. De plantão dominical-natalino no Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz Alberto Alonso Muñoz concedeu uma liminar a uma ação civil pública que suspende o indecente aumento salarial autoconcedido por aprovação de 30 dos 55 vereadores do município de São Paulo. Além da ganhar bem, os vereadores paulistanos têm direito a 17 assessores contratados via apadrinhamento legalizado.
O magistrado concordou que o generoso reajustezinho de 26,3% feriu os artigos 18º e 21º a Lei de Responsabilidade Fiscal. O projeto de aumento, elevando os salários de R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68, foi proposto pelos vereadores Adílson Amadeu (PTB), Adolfo Quintas (PSD) e Milton Leite (DEM) - um dos cotados para concorrer à presidência da Câmara no ano que vem, em provável disputa com o petista Eduardo Suplicy.
Intriguentos inimigos sempre atacaram que Lula bebia demais. Agora, ficou provado que quem bebe mais que ele são seus carros. Levantamento do jornal O Globo mostra que em setembro e outubro deste ano o ex-presidente Lula gastou R$ 6.916,74 com combustível, 11 vezes mais que a ex-presidente Dilma Rousseff e oito vezes mais que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Lula custou à Presidência R$ 6.916,74 com abastecimento de combustível. No mesmo período, Fernando Henrique gastou R$ 864,11, e Dilma despendeu R$ 594,50. Em 2016, Lula já custou aos cofres públicos R$ 32.439,51 com as idas aos postos. FH, R$ 6.422,21".
A mordomia é mais uma jabuticaba de Bruzundanga. Uma Lei da Era José Sarney assegura tal "direito" a ex-presidentes. Quem cumpriu um mandato no Planalto pode contar com dois carros e oito funcionários: dois motoristas, quatro servidores para a segurança pessoal e mais dois assessores. Todos são de livre nomeação e custeados pela Presidência da República. Já se tentou questionar a mordomia judicialmente. No entanto, o Supremo Tribunal Federal entendeu que os "direitos" justificam-se porque o ex-presidente é uma figura permanentemente associada ao governo e ao Estado, mesmo após o mandato.
O Brasil dos marajás e das mordomias precisa ser passado a limpo. Os políticos profissionais e os interesses corporativistas não concordam, e preferem deixar tudo como sempre esteve... Como o poder de pressão e reação do eleitorado é muito baixo – fica apenas no campo da reclamação -, pouco ou nada se altera...
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O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 26 de Dezembro de 2016.
Hipocrisia Natalina
Posted: 26 Dec 2016 02:08 AM PST
"País Canalha é o que não paga precatórios".
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira
Legiões de panacas dizem que amam seus "pets".
Fingimento. Por seu egoísmo, a primeira providência é castrar o coitado do bicho.
Muitas vezes a confraternização de Natal é puro teatro. Pessoas que não se suportam, tem um dia de convívio forçado por um patriarca ou matriarca, ambos tiranos.
Sim, há exceções.
O evento virou um comércio em que montes de bugingangas serão desprezadas no dia seguinte.
O melhor presente para filhos e netos é falar-lhes, com saudades, de seus avós e bisávos. Mostrar-lhes fotografias antigas, do tempo que eram moços, cheios de sonhos, e dedicados a seus rebentos, tentando fazer deles, seres melhores que eles próprios.
Se possível, com a maior doçura, mostrar-lhes o que desgovernos canalhas fizeram com a educação pública, com o respeito e a cordialidade de outrora.
Explicar-lhes o significado de palavras que talvez nunca tenham ouvido.
Amor à Pátria, respeito à Lei, urbanidade.
Nós de São Paulo, façamos como o santo padroeiro:
Lutemos o bom combate.
Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.
Um dos Founding Fathers do Brasil
Posted: 26 Dec 2016 02:06 AM PST
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires
É através da Ignorância, da Grosseria, do Mau Gosto, e da Estupidez que Fausto Silva constrói, nos domingos à tarde, essa sensação de que "O Brasil é uma Grande Família" - uma família com os mesmos problemas nas festas de fim de ano, de acidentes, domésticos, de brigas.
Aquela noção de que em todas as casas somos iguais, queremos o mesmo, temos as mesmas razões...Todos os pintos, xexecas, sogras, tombos, dívidas, partidos políticos, escândalos e religiões são iguais em todo Brasil...Ninguém é "culpado por nada" ... Não existe mais diferença entre ninguém..;
Fausto Silva, Lula e Clarice Falcão poderiam ser os "Founding Fathers" dessa mistura de Big Brother, Video-cassetada e ressaca da noite de Natal chamada Brasil…
Deus me livre, que desgosto e que vergonha que é ter nascido aqui...
Milton Pires é Médico.
Agradecimento à Providência
Posted: 26 Dec 2016 02:05 AM PST
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fernando Di Lascio
Amigos e Amigas: Mesmo grato à Providência, termino o ano exausto e de saco cheio de me deparar com tanta mediocridade nas redes sociais.
Em parte, talvez, porque toda pessoa de idade avançada sinta uma natural vontade de transmitir às pessoas próximas um pouco das descobertas que fez pelo caminho. Só que em mim essa vontade acontece de forma muito intensa porque sinto mais que um desejo. Sinto, mesmo, como uma obrigação, ou uma missão.
Entretanto, por mais que eu tenha me esforçado, diariamente, em tentar transmitir informações sobre noções de caráteres social, filosófico, humanitário e político que hoje são paradigmáticas em minha vida de sessentão, na expectativa de que um monte de palavras pudesse ajudar pessoas chegadas a levar melhor a vida e, também, motivá-las a se unir em torno de ideais democráticos e republicanos, acho que os resultados práticos que alcancei ficaram aquém do pífio.
Ao contrário do meu desejo, o que mais vi foi medrar a hipocrisia, o cinismo, o fascismo, o silêncio conivente de uma justiça seletiva e acuada diante da ruptura institucional e uma eficiente manipulação midiática conduzindo multidões a apoiar interesses inconfessáveis.
E ainda vi com pesar muitas pessoas queridas, que tiveram todas as oportunidades na vida, consolidarem posições pragmáticas e ideológicas reveladoras de um total analfabetismo político e distanciamento humanitário.
Em 16 desse século do compartilhamento da informação, ao contrário do crescimento do amor e da desejável tolerância democrática entre as pessoas que tanto preguei, vi crescer o ódio contra as ideias sociológicas e políticas que defendo afastando de mim algumas pessoas queridas.
Mas, enfim, a vida segue e de alguma forma precisaremos todos recarregar baterias e prosseguir na luta.
A todos e, principalmente aos amigos, desejo que encontrem toda a energia necessária para enfrentar os obstáculos que a vida nos reserva mas que, agora, possam descansar um pouco e aproveitar prósperas festas e, depois, um feliz 17.
Beijo a todos.
Fernando Di Lascio é advogado, Presidente do Instituto Qualicidade, ativista das redes sociais no combate à corrupção, impunidade e falta de vergonha que assola o País.
A perturbação do sossego nas praias: alarmes e foguetórios
Posted: 26 Dec 2016 02:04 AM PST
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sérgio Alves de Oliveira
Quem pensa que vai encontrar um pouco de sossego nas limitadas ocasiões de descanso em alguma praia do litoral brasileiro, especialmente do Rio Grande do Sul, engana-se redondamente. Ao invés disso, o que vai ser encontrado nesses locais é um verdadeiro inferno de poluição sonora para "arrebentar os tímpanos".
Nem vai ser objeto dessa análise a absoluta falta de segurança nas praias, porquanto esse problema é generalizado, ocorrendo igualmente nas grandes e pequenas cidades ,enfim, em todos os lugares, inclusive hoje até no meio rural.
O objetivo único que tenho em mente é tratar (1) dos milhares de equipamentos de alarme instalados nas residências litorâneas que frequentemente "disparam" por motivos que nada têm a ver com seus objetivos, ou seja, "aleatoriamente" e ; (2) o foguetório infernal que muitas pessoas sem consciência dos direitos dos outros ocasionam em determinadas datas comemorativas, tanto gerais, quanto particulares ou do círculo restrito de cada um. Solta-se foguetes, estupidamente, por qualquer motivo, até em aniversários de pessoas.
O que esses dois transtornos têm em comum é o imenso raio de abrangência dos malditos sons , chegando a muitos quilômetros e atingindo os ouvidos de milhares de pessoas que nada têm a ver com a "comemoração",ou que por motivos vários não toleram esses métodos . Salvo as datas que atingem a todos, como por exemplo as alusivas à mudança de um ano para outro, as demais são muito "particulares" para terem o "direito" de perturbar a paz e os "ouvidos" de quem está completamente alheio a essas comemorações ,egoístas e estúpidas. Na verdade as pessoas deveriam ter os mesmos direitos dos outros animais, previstos em legislação específica, inclusive das corujas, nos frequentes "ataques" que sofrem a seus ouvidos.
Muitos ainda devem lembrar do episódio ocorrido na praia de Capão da Canoa , no Litoral Norte gaúcho, há alguns anos atrás, quando a Brigada Ambiental proibiu o foguetório na beira da praia por ocasião da virada de ano ,para que não se perturbassem as corujas que estavam com filhotes nos ninhos nesse local . Sem dúvida a Nota foi 10 para a Brigada Militar do RS nesse episódio.
Não resta qualquer dúvida que foi um procedimento correto das autoridades. Os animais devem ser protegidos nos seus direitos naturais, inclusive ao sossego. Mas as pessoas também. E parece que isso nunca é reconhecido pelas autoridades "in-competentes". Pelo contrário, o que mais se vê por aí é o disparo de alarmes e os foguetórios a todo momento, por qualquer motivo, sem que nenhuma autoridade pública (Polícia, Ministério Público, Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas ,Congresso Nacional, Prefeituras, Governos Estaduais e Governo Federal ,etc.) tenha qualquer iniciativa para coibir tais abusos, reconhecendo às pessoas que se sentirem perturbadas o único de direito de "tolerar e tolerar", num processo de consolidação da tolerância sem limites, nem importando o eventual atropelamento dos direitos alheios, do que são típicos exemplos os foguetórios e os alarmes disparados.
Está presente nos casos sob exame um "laissez-faire" levado às últimas consequências, inclusive pela ação e omissão das empresas que instalam e controlam os alarmes e que são remuneradas para tanto. Esses alarmes , quando acionados, jamais poderiam viajar tantos quilômetros, penetrando fundo nos ouvidos das pessoas, que deveriam ter, no mínimo, o mesmo direito que as corujas tiveram em Capão da Canoa.
Mas o mais grave de tudo isso é a omissão das autoridades públicas, que deixam de cumprir os mais elementares deveres da Administração , previstos nos bons manuais de direito administrativo , talvez por preferirem não perder os "votos" e a ajuda financeira das empresas seguradoras nas próximas eleições. Mas a tragédia mesmo é que tudo o que se passa nos municípios acaba se repetindo nos governos estaduais e federal, todos unidos , levando o país cada vez mais à bancarrota. Por esse motivo os Poderes Municipais não têm qualquer direito ,legitimidade, nem mesmo moral para censurar o que se passa com seus "colegas" das esferas superiores ,estadual e federal. Resumidamente, é tudo "lixo" da mesma espécie, salvo algumas poucas exceções sem poderes nem força para mudar o "status quo" político.
A verdade é que os disparos de alarmes poderiam trazer alguma utilidade para a sociedade,ao invés de só transtornos. Esses equipamentos poderiam ser instalados, por exemplo, junto aos cofres públicos, sempre disparando quando "assaltados" pelos poderosos políticos e outros ladrões da coisa pública. Mas não haveria necessidade de atingir os ouvidos de todos. Os "simpáticos" sons poderiam ser dirigidos exclusivamente aos órgãos de segurança ou às seguradoras propriamente ditas, sem perturbar mais ninguém.
Já em relação aos foguetórios também seria bastante difícil contar com a conscientização das pessoas que os utilizam, a curto prazo, e da mesma maneira que os alarmes, deveriam ser alvo de medidas legislativas repressivas, impondo merecidas e severas punições aos transgressores da paz e sossego alheios, direitos bastante esquecidos nos dias que correm.
Sérgio Alves de Oliveira é Advogado e Sociólogo.
A canção do homem enquanto seu lobo não vem
Posted: 26 Dec 2016 02:03 AM PST
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
O texto abaixo foi publicado no livro "O Fantasma da Revolução Brasileira", escrito por Marcelo Ridenti, professor da UNESP, formado em Ciências Sociais e Direito, e doutorado em Sociologia. Autor do livro "Política para Que? – Atuação Partidária no Brasil Contemporâneo", publicado em 1992.
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Da conhecida resistência à ditadura militar no meio artístico, destacamos a penetração de grupos da esquerda armada entre pessoas com ocupações artísticas. Pelos dados estatísticos, construídos com base nos processos levantados junto à Justiça Militar, a presença de artistas nas organizações de esquerda era ínfima: 24, dentre 3.698 denunciados com ocupação conhecida. Vale notar que as organizações armadas urbanas, mais que as outras, contaram com "artistas"; nelas, participaram 18 artistas – 0,9% do total de 1.897 supostos integrantes dos grupos armados urbanos típicos -, enquanto nas demais participaram 6 artistas – 0,3% dentre 1.801 envolvidos em processos dos demais grupos de esquerda -.
As organizações que contaram com o maior número de artistas, como era de esperar, estavam entre aquelas com maior penetração nas camadas sociais intelectualizadas, caso da ALN, da Var-Palmares e do MR-8. Isso pode revelar, à época, o apelo relativamente maior dos grupos de guerrilha urbana junto aos artistas, por razões que veremos adiante. De qualquer forma, as cifras são pouco significativas para indicar a efetiva participação direta dos artistas nos grupos de esquerda durante mais de uma década de ditadura militar.
No entanto, os dados não mostram que muitos artistas ligados à esquerda nunca chegaram a ser processados, pois, como militantes de base ou meros simpatizantes, não foram detectados pela repressão, sabe-se, por exemplo, que antes de 1964 o PCB contava com um amplo apoio no meio artístico. Mas não é isso que os dados não mostram. Os artistas tiveram participação política ativa, principalmente nos movimentos sociais de 1968, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A "classe teatral" realizava inúmeras assembléias e reuniões para reparar a intervenção conjunta dos atores nas manifestações de massa, nas ruas. Um sem-número de artistas esteve presente nos atos públicos de 1968, em especial na "Passeata dos Cem Mil", no Rio de Janeiro.
Durante os anos de ditadura militar, em que havia manifestações de massa, os teatros sempre se abriam para militantes de oposição ao regime convocarem a platéia a participar das manifestações públicas contra a ordem vigente. A solidariedade, no meio artístico, aos perseguidos pelo regime evidenciou-se, por exemplo, na doação aos operários grevistas de Osasco de metade da arrecadação obtida em todos os teatros de São Paulo, num domingo de julho de 1968. Sabe-se, também, da ajuda financeira de artistas a organizações clandestinas ou a militantes individuais, além da proteção humanitária a perseguidos pela ditadura, como o fornecimento de esconderijos temporários.
O meio cultural também sofreu perseguição direta, tanto pela censura - mais branda entre 1964e 1968 e absoluta após essa data -, que impedia a livre manifestação das idéias e das artes, como pela repressão física configurada em prisões e torturas. Por um ou outro motivo, muitas artistas viram-se forçados ao exílio. Não tem fim a lista de pessoas do meio cultural presas temporariamente, ameaçadas informalmente pela polícia e organismos paramilitares, torturadas ou exiladas. Inexistem evidências de que a maioria delas tenha tido vinculação mais sólida com grupos de esquerda. Qualquer crítica ao regime era tomada, após 1968, como subversiva e comunista, logo, passível de punição.
Ainda há mais desdobramentos não aferíveis por dados estatísticos, como a simpatia e a solidariedade aos grupos de esquerda armada que imperavam em setores artísticos e culturais, nacionais e internacionais, mesmo que na maior parte das vezes isso não implicasse militância ou concordância ideológica plena com esses grupos, respeitados por resistirem à ditadura.
Um caso expressivo desse tipo de simpatia e respeito nos círculos intelectuais internacionais, foi a abertura, por Sartre, do seu de seu prestigioso periódico francês Les Temps Modernes, para veicular textos de organizações armadas brasileiras. Por fim, e isso e o mais importante, os dados quantitativos não mostram a presença das e da cultura nos anos 60. Especialmente entre 1964 e 1968, a efervescência cultual contribuiu para a adesão de setores sociais intelectualizados à opção pelas armas no combate ao regime militar.
O golpe de Estado de 1964 não foi suficiente para estancar o florescimento cultual diversificado que acompanhou o Ascenso do movimento de massas a partir do Inal dos anos 50. O Cinema Novo, o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, a Bossa Nova, os Centros Populares de Cultura filiados à UNE – que promoviam diversas iniciativas culturais para "conscientizar" o povo -, o Movimento Popular de Cultura, em Pernambuco, que alfabetizava pelo método crítico de Paulo Freire, a poesia concreta e uma infinidade de outras manifestações culturais desenvolveram-se até 1964. Após essa data, os donos do Poder não puderam, ou não souberam desfazer toda manifestação cultural que tomava conta do país e só teria fim após o AI-5, de dezembro de 1968.
As artes não poderiam deixar de expressar a diversidade e as contradições da sociedade brasileira da época, incluindo, por exemplo, a reação e o sentimento social ante o golpe de 1964. Seria possível escrever várias teses só sobre a relação de cada uma das artes com a oposição ao regime militar. Sem a pretensão de avançar no debate estético, cabem algumas reflexões sociológicas a fim de evidenciar o clima cultural em que emergiu a opção de certos grupos pela luta armada contra a ditadura, bem como de mostrar uma razão para esses grupos terem encontrado receptividade nos setores sociais intelectualizados.
Na verdade, a agitaçao artística e cultural nos anos 60 não se restringiu ao Brasil, mas se deu em escala internacional, da mesma forma que a opção pela guerrilha também não foi específica dos brasileiros, generalizando-se por toda a América Latina e, de forma mais diferenciada, por outros continentes.
Contudo, fugiria aos propósitos estabelecidos ir além de indicar conexões entre os movimentos políticos e culturais brasileiros com os internacionais, pois o que se pretendeu foi abordar a particularidade da guerrilha urbana brasileira e a conexão que teve com o movimento artístico e cultura específico que se desenvolveu no Brasil entre 1964 e 1968, ambos reelaborando seletivamente as influências externas para darem conta das contradições da realidade social, política e cultural brasileira.
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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