Uma matéria do Valor Econômico diz que "o acordo de delação premiada de executivos da JBS trouxe dissabores para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que vão além das críticas a suposto exagero na concessão de imunidade penal aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa e principais delatores".
Segundo o texto, o PGR ficou muito incomodado ao ter que pedir a prisão de um outro procurador da República, Ângelo Goulart Vilela, de quem era amigo.
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No dia da prisão de Vilela, 18 deste mês, ele passou mal e, segundo testemunhas, até vomitou. Para Janot era inacreditável que o colega, a quem costumava receber em casa para almoços em família nos fins de semana, tivesse se envolvido numa situação tão embaraçosa. Num dos depoimentos da delação premiada, Joesley Batista acusou Vilela de vazar informações de um outro inquérito, a Operação Greenfield, para a JBS.
A revelação surpreendeu Janot e outros investigadores da Lava-Jato.Vilela era amigo também de outros investigadores. O procurador era um dos líderes do movimento de combate à corrupção no país. Mas, mesmo contrariado, Janot entendeu, como os demais procuradores da Lava-Jato em Brasília, que o caso de Vilela requeria prisão.
A argumentação foi endossada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Vilela foi preso na manhã do último dia 18, no apartamento em que morava em Brasília. Ele também foi afastado das funções de procurador da República no Distrito Federal e assessor da vice-procuradoria-geral eleitoral, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Janot acompanhou os desdobramentos da chamada Operação Patmos, na Procuradoria-Geral da República. Mesmo sabendo de antemão do roteiro, o procurador-geral não conteve a emoção quando ouviu os primeiros relatos sobre as circunstâncias da prisão de um jovem procurador que, até ali, era tido como uma das grandes promessas da nova geração de investigadores.
Segundo testemunhas, o procurador-geral pediu licença aos presentes e foi vomitar no banheiro. Ontem, Fachin desmembrou o inquérito principal aberto a partir da delação da JBS e determinou a remessa dos autos sobre Vilela ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Toda a história acima é inconvincente, pois é pouco provável que Janot tenha descoberto o fato do envolvimento do procurador de forma tão atribulada. Na verdade, o mais provável é que Janot tenha recebido a informação antes. O cenário da matéria é inverossímil.
Mas mesmo que ele tenha recebido a notícia desta forma, é pouco provável que tenha passado mal com a notícia. Janot não é nenhuma Pollyana. Ao contrário, é acostumado ao submundo barra-pesada da notícia. É o tipo de gente que não ficaria impactado com tal notícia.
Há um terceiro fator estranho: uma pessoa que vai vomitar no banheiro não sai contando pros amigos "ei, fui vomitar no banheiro". Quem quer que já tenha passado mal e foi vomitar no banheiro do lugar onde trabalha não transforma isso em uma notícia.
Pense em um determinado dia em que você come um pastel estragado e vai vomitar no banheiro. Você sairia contando isso aos outros? Claro que não.
A história de Janot não faz o menor sentido e mais parece uma ficção criada para tentar comover a patuleia. Acredite na narrativa publicada no Valor quem quiser.