A Aparição de La Salette e suas Profecias: Fatos que mostram a necessidade de protegermos de nosso fundo de maldade — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 32
Posted: 05 Jun 2016 01:30 AM PDT
Até a grande Santa Teresa de Jesus teria passado pelo Purgatório para purgar faltas menores. Imagem do mosteiro da Encarnação de Ávila, capela da Transverberação.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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continuação do post anterior: A Mediação Universal de Nossa Senhora na obra de São Luís Grignion — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 31
Em uma revelação a Santa Teresa de Jesus, Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu mostrando umas uvas muito bonitas; tendo ficado maravilhada, ela perguntou a Nosso Senhor o que significavam.
Ao que Nosso Senhor observou: "Preste mais atenção".
Ao fazê-lo, teve ela a impressão de que, à medida que fixava sua vista sobre as uvas, estas iam mudando de aspecto, tornando-se encaroçadas e feias.
Santa Teresa pediu que Nosso Senhor lhe explicasse o significado disso, e soube que se tratava da sua própria alma.
Vista no primeiro aspecto, a impressão era maravilhosa; examinada porém com cuidado, começavam a aparecer irregularidades e imperfeições, e aos olhos de Deus pareciam feias e deterioradas.
Assim são as almas dos homens. Vistas por nós, que não temos o olhar de Deus, podem até parecer muito bonitas.
Mas vistas pelo Altíssimo, parecem-se às uvas feias. Esta a razão por que Deus toma as uvas venenosas e as faz passar pelas grandes câmaras reformadoras do purgatório, para que se apresentem condignamente ao Seu olhar por toda a eternidade.
Outras revelações privadas, deste mesmo jaez, inculcam a ideia de que os maiores santos têm, por vezes, defeitos e imperfeições de que custaram muito a se purificar, devendo por isso passar pelo purgatório, para os expiar.
Tais fatos nos mostram bem como o homem é fundamentalmente tendente para o mal.
A hagiografia nos demonstra o mesmo. Os santos tiveram muito que lutar para conseguir o heroísmo.
Toda vida de santo, quando bem escrita, nos mostra a virtude como extraordinariamente difícil, a santidade como um estado heroico no verdadeiro sentido da palavra, um estado incompatível com a moleza, com a preguiça, com o "deixar para amanhã", incompatível com a sensualidade, com o orgulho, com o amor-próprio.
Deduz-se assim que, se ao homem custa tanto o santificar-se, é porque tem grande apego às coisas opostas à santidade.
Nos filhos de Eva, concebidos no pecado, há uma força muito grande que puxa para os piores defeitos. Detalhe de 'Cristo ante Pilatos' de Hieronymus Bosch (1450-1516).
Há nele uma força violentíssima, que o leva constantemente para o mal: "Qui se extimat stare, videat ut non cadat". "Aquele que crê estar de pé, tome cuidado para não cair" (I Cor. X, 12).
A noção da existência de um fundo de maldade no homem está na base de inúmeras atitudes contrarrevolucionárias.
Somos favoráveis a todas as escolas de vida espiritual que desconfiem muito do homem, e que comecem por nos ensinar a desconfiar de nós mesmos.
"Aquele que crê estar de pé, tome cuidado para não cair" (I Cor. X, 12).
Não basta estar de pé, olhando para os que caem e vangloriando-se por não cair. É necessário estar atento para perceber a próxima cilada da nossa maldade.
Qualquer homem pode cair a qualquer momento.
Devemos ter, portanto, para conosco, uma grande desconfiança, e estar fazendo uma constante análise do nosso próprio interior, para sabermos o que pode surgir do fundo de nossa personalidade, dos porões amplos, profundos e obscuros que existem na mente de cada homem.
Esta análise faz parte da estrutura da mentalidade contrarrevolucionária. Assim como pensarmos de nós, assim deveremos pensar dos outros.
Se a perseverança exige de mim esta vigilância contínua, devo desconfiar que a perseverança dos outros o exige também. Assim sendo, devo considerar que principalmente os não vigilantes podem cair.
O grau de vigilância é, pois, um índice para a confiança que se deve depositar nas pessoas.
Posto o princípio de que o homem tem uma tendência enorme para o mal, e com toda facilidade pode ser movido por maus ímpetos, não devemos nos espantar de presenciarmos atos péssimos.
E não devemos também vacilar em nos perguntarmos se há motivos para supor intenções péssimas neste ou naquele.
Não devemos levantar esta suspeita sem motivo razoável, mas devemos ter o espírito facilmente propenso a perguntar se há motivos destes.
Nós precisamos de uma intercessora poderosíssima para vencermos nossas más propensões e nossas quedas no pecado. Madonna della Cintola. Benozzo Gozzoli (1421 - 1497).
Se o homem tem uma tendência tão forte para o mal, e as tendências fortes facilmente vencem, é fácil que se entregue ao mal.
Se toda esta concepção é verdadeira, a necessidade de um mediador e de uma mediadora junto a Deus é enorme.
Aquele que é habitualmente péssimo, ou recorre a alguém que é muito bom ou está perdido, uma vez que as boas disposições são necessárias para que as suas orações sejam eficazes.
As concepções contrarrevolucionárias sobre o homem estão, portanto, na raiz da própria doutrina da Igreja a respeito da mediação.
O que diz dos homens São Luís Grignion?
"Nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós" (tópico 78).
A frase é dura. Nossas melhores ações são manchadas e corrompidas ordinariamente, habitualmente, isto é, não só algumas vezes, mas quase sempre.
É o oposto da concepção liberal, que considera que, no fundo, somos bons; apenas neste pontinho ou noutro falhamos.
Pelo contrário, nós somos maus por natureza; num pontinho ou noutro podemos ser bons. Esta é a visão que está em São Luís Grignion.
É algo de muito positivo a respeito do homem e da facilidade com que peca.
continua no próximo post: A consciência da própria maldade, condição indispensável para a santificação — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 33
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