A Aparição de La Salette e suas Profecias: A consciência da própria maldade, condição indispensável para a santificação — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 33 |
Posted: 15 Jun 2016 01:30 AM PDT
continuação do post anterior: Fatos que mostram a necessidade de protegermos de nosso fundo de maldade — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 32 Continua o grande Santo mariano: "...Quando se despeja água limpa e clara em uma vasilha suja que cheira mal, ou se põe vinho numa pipa cujo interior está azedado por outro vinho que aí antes se depositara, a água límpida e o vinho bom adquirem facilmente o mau cheiro e o azedume dos recipientes. O liberalismo e a doutrina montfortiana do fundo da maldade – Um devoto de São Luís Grignion, considerando uma multidão de transeuntes de uma grande cidade, poderia dizer: "quantos corpos corruptos e alimentados no pecado". Um católico liberal o olharia como a um louco. Para os filhos das trevas de nosso século, tudo é muito bom, todos os homens são retos, exceto os que denunciam o erro e o mal. Essa teoria, entretanto, é conforme à doutrina católica, consoante declaração da própria Igreja. Se essas palavras não fossem de um santo, diriam tratar-se de concepções engendradas num auge de entusiasmo, devendo ser entendidas "cum grano salis". São, entretanto, considerações a respeito do gênero humano, feitas pelo maior teólogo de Nossa Senhora. Os católicos liberais de nossa época, negando essa doutrina do fundo de maldade dos homens, não aceitam também que possa haver uma conspiração contra a Igreja. Conspiração essa que se manifesta através de associações que propulsionaram e propulsionam a Revolução, recrutando seus adeptos entre os próprios homens. Em certo sentido, pode-se afirmar que a conspiração contra a Igreja é quase de geração espontânea, por assim dizer forçosa, e quase inevitável.
Esse princípio abre avenidas para a doutrina contrarrevolucionária, e é a raiz da Mediação Universal de Nossa Senhora. Quanta harmonia há, portanto, nesses pensamentos! O nosso fundo de maldade e o do próximo "... Nossa alma, unida ao corpo, tornou-se tão carnal, que é chamada carne: `Toda a carne tinha corrompido o seu caminho' (Gn 6,12). Toda a nossa herança é orgulho e cegueira no espírito, endurecimento no coração, fraqueza e inconstância na alma, concupiscência, paixões revoltadas e doenças no corpo" (tópico 79). É a nossa descrição, é o fundo de cada um de nós. Somos nesta sala nove pessoas, cujo fundo não é senão isto. Portanto, também o meu. Nossa vida espiritual deve ser baseada na convicção de que isto é assim. Ou nos encarceramos em vigorosas jaulas espirituais e nos policiamos energicamente, ou praticamos os piores crimes. Esta é a nossa condição até à morte. Um minuto antes de morrermos, poderemos cair nos maiores horrores. Ora, se cada um de nós necessita lembrar-se constantemente disso, para agir com o necessário vigor a fim de cumprir o seu dever, o mesmo acontece com o próximo. Isto nos leva a uma interrogação: estão todos os homens igualmente convencidos disto? Em caso negativo, se não tomarem providências no sentido de dominar suas más tendências, suceder-lhes-á o mesmo que a nós, se não vigiarmos. Embora estas sejam verdades de clareza solar, há muitos que não querem ser vigilantes, e nem sequer querem ver o problema. Esses, em geral, usam "slogans", como por exemplo: "agir com grandeza de espírito"; "faz bem usar uma certa confiança em si mesmo". A estes, devemos responder que a grandeza de espírito não é isto, e que estão sujeitos aos maiores riscos. E merecem, pois, a maior desconfiança de nossa parte os que se deixam iludir por tais "slogans". Cada um de nós tem dentro de si como que um grande malfeitor; trata-se de saber se está preso ou solto. Se ele estiver solto, dominará a alma, não há alternativa. Esta a realidade, por mais dura que possa parecer. Temos dentro de cada um de nós um facínora – Qual a decorrência desta doutrina? Quando alguém está confortavelmente como que deitado dentro de si mesmo, percebe-se claramente que abriu as comportas para o grande malfeitor que, como em cada um de nós, nele há. Que juízo fazer a seu respeito? Que ele é um malfeitor. Por quê? Porque, se nós fizéssemos o mesmo, seríamos malfeitores. Por que não o seria ele? Pode parecer duro concluir assim, mas é a mais pura realidade.
Realmente devemos ser guiados pelo amor de Deus. Mas, para isto, é necessário que não sejamos guiados por nossos vícios, o que sem vigilância não se consegue. "...Somos naturalmente mais orgulhosos que os pavões" (tópico 79). Nada mais verdadeiro. Não há quem não goste de elogios. É preciso dominar-se para não procurá-los, pois quando se consente neste gosto censurável, acaba-se procurando-os, mais discretamente ou menos. Há até os que parecem andar com uma tabuleta na testa: "elogiem-me". É algo horrível, mas real. Fala-se muito da vaidade feminina, mas na realidade as mulheres são não raramente mais ingênuas, deixando-a transparecer mais. Os homens ocultam-na melhor. Dizer que sejam menos vaidosos, é certamente falso. Os homens gostam de chamar a atenção sobre si, a tal ponto que, não encontrando outro meio, chamam-na até por seus defeitos. Os recursos do amor próprio são inumeráveis; um pavão nada é, em comparação com as complexidades da vaidade humana. "...mais apegados à terra que os sapos". A imagem parece atroz. Poderíamos entretanto falar em serpentes, que a comparação seria muito mais verdadeira. Com todo o peso da nossa personalidade, tendemos para a vida gostosa e prosaica. Cada qual a concebe a seu modo: "vidinha", "vidão", "semi-vidinha" ou "semi-vidão"; aventura, sonho, romance, realidade... o que a imaginação sugerir. Mas, naturalmente, é para isso que tendemos, de todos os modos imagináveis. "... mais invejosos que as serpentes". É inegável. Não há quem possa negar que já sentiu a picada da inveja. "... mais glutões que os porcos". É preciso reconhecê-lo. "... mais coléricos que os tigres". Os menos coléricos na aparência têm, por vezes, cóleras frias intensas. São capazes de acalentar ímpetos de vingança por anos a fio. Salvo empecilhos colocados pela preguiça, serão sempre capazes de se vingar.
"... mais preguiçosos que as tartarugas". Quanto é verdade! Preguiça de pensar, por exemplo. "... mais fracos que os caniços e mais inconstantes do que um catavento. Tudo que temos em nosso íntimo é nada e pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno" (tópico 79). Somos pigmeus em relação à vocação – Se ousássemos afirmar, a pseudo-santos de nossa época, que eles são tudo isso que São Luís Grignion diz dos homens, eles negariam peremptoriamente, pois não estão absolutamente convencidos de que são assim. "Todos são tão bons..." – exceto os contrarrevolucionários, evidentemente... "Depois disto, por que admirarmo-nos de ter Nosso Senhor dito que quem quisesse segui-lo deveria renunciar a si mesmo e odiar a própria alma? Que aquele que amasse sua alma a perderia, e quem a odiasse se salvaria? (Jo 12,25)" (tópico 80). Eis a linda aplicação da expressão "odiar a sua alma". Quer dizer conhecer os seus defeitos e odiá-los. Realmente, se amarmos a nossa alma, se dissermos a nós mesmos "como somos bons!", estaremos mais péssimos que nunca. Mas se, pelo contrário, odiarmos nossa alma, tudo será diferente. Se quisermos estar à altura do que Nosso Senhor pede de nós, reconheçamos que somos péssimos, que pouco fizemos, e que há ainda muito mais a fazer no caminho de nossa santificação. Frequentemente encontramos em nós outro estado de espírito: "Já sou bem bom, posso parar e respirar, pois em relação aos outros estou no alto de uma montanha; vou descansar um pouco". Quem raciocina que é bom, em comparação com os outros, está perdido. Em nosso dias, um homem que peca mortalmente uma vez ou outra, e que vai para o inferno, também é "bem bom" em comparação com os outros. Este homem pode ser honesto, bom filho, etc. Mas pode ir para o inferno, porque peca uma vez ou outra contra a castidade. É um demônio em estado de pecado grave, no entanto se considera "bem bom" em comparação com os outros. Se nos habituarmos à perspectiva do que deveríamos ser, e não do que somos em comparação com os outros, caminharemos céleres. Se não o fizermos, estagnaremos. Devemos, pois, renunciar à ideia de que somos gigantes. Em face da vocação que cada um recebe, somos míseros pigmeus. Necessitamos portanto de Nossa Senhora como Mediadora, para suprir nossas imperfeições e podermos nos apresentar diante de Deus. Se assim não for, não haverá para nós solução. A necessidade da Mediação de Nossa Senhora se impõe. continua no próximo post: Escolha da verdadeira devoção à Santíssima Virgem — comentários de Plinio Corrêa de Oliveira 34 |
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